María Fernandez Cullen, no sábado, e Latin Jazz Ensemble, com a cantora Gabriela Bergallo, no domingo, deram tempero latino à música brasileira
A flautista argentina María Fernandez Cullen recebeu Rogério Souza e Matias Arriazu
Quem conferiu as apresentações deste último fim de semana na Arlequim não pôde hesitar em aplaudir as belíssimas apresentações da flautista argentina Maria Fernandez Cullen, no sábado, e o grupo Latin Jazz Ensemble, no domingo, com uma espetacular performance da cantora argentina Gabriela Bergallo, que fez delirar até os gostos mais exigentes.
A flautista argentina (no meio), ao lado de Matias Arriazu e família (esq.), Márcio Pinheiro (da Arlequim), Rogério Souza (camisa xadrez) e o percussionista Max Natale
No sábado, a flautista integrante da Orquestra de Tango de Buenos Aires, acompanhada pelas harmoniosas execuções dos violonistas Rogério Souza e Matias Arriazu, e do percussionista Maximiliano Natale, iniciaram as atividades com obras de Waldir Azevedo: “Vê se gostas” já anunciava o choro que viria em seguida, “Pedacinhos do Céu”, melódico e com um doce andamento, que se concluiria com “Choro Novo em Dó”, clássicos de Waldir. Ainda na ceia do choro, não faltaram Pixinguinha (“Um a zero”) e Jacob do Bandolim (“Doce de coco”). A partir daí, em dueto, Maria Fernandez e Matias Arriazu fizeram um belo passeio pela cultura argentina, que, dentre outras canções folclóricas, destacaram-se “Milonga Gris” (Carlos Aguirre), “Danzarín” e “Nocturna”, ambas de Julián Plaza. Nas releituras argentinas, a sensibilidade das conversas entre as cordas e a flauta dava o tom da maestria dos músicos – conversações que, na verdade, se fizeram presente em todo o show. A formação inicial voltou para encerrar, com elegância, ao som dos clássicos nas rodas de choro: “Noites Cariocas”, de Jacob do Bandolim, e “Brasileirinho”, também de Waldir Azevedo.
A cantora Gabriella Bergallo deu um show de lirismo com o Latin Jazz Ensemble
No dia seguinte, foi a vez do Latin Jazz Ensemble receber a cantora argentina Gabriela Bergallo – diga-se, de passagem, fez a platéia delirar com a força, técnica e potência de sua voz. “El dia que me quieras”, de Carlos Gardel, ganhou tamanha corpulência, que arrancou elogios e aplausos mesmo durante sua performance. O grupo, formado pelos feras Tomás Improta (piano), Bruce Henri (contrabaixo), Roberto Rutigliano (bateria) e Fernando Trocado (sax), garantiram o vigor caliente que o estilo exigia. “Drume Negrita”, de Ernestro Grenet, “Años de Soledad” e “Yo soy Maria”, ambas de Piazolla, fecharam o primeiro set. E o show realmente ainda não havia terminado. O segundo set conseguiu manter o vigor e o tempero latino do primeiro, e, abrindo com “Besame Mucho”, um clássico do gênero, ganhou contornos líricos delicados, um verdadeiro alento. “Summertime” e “Caravan” deu o tom mais jazzístico ao repertório. “Quisaz” fechou a tarde com uma estonteante releitura do grupo, que souberam revisitar os clássicos sem cair em obviedades. Quem assistiu saiu da Arlequim com os ouvidos massageados, com certeza.
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