terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Um fim de semana ao som de cordas e piano

Rogério Souza e Jens Viggo, no sábado, e Fernanda Canaud, no domingo, fizeram de “Música na Arlequim” o programa perfeito para um fim de semana chuvoso


Os violonistas Jens Viggo e Rogério Souza recebem a canja do percussionista Maximiliano Natale


O tempo frio e chuvoso não afugentou quem procurava boa música ao vivo, neste último fim de semana. Ao som dos violonistas Rogério Souza e Jens Viggo, no sábado, ou ao piano de Fernanda Canaud, no domingo, a platéia vibrou com um repertório amplo de releituras e composições autorais.



O carioca Rogério Souza e o dinamarquês Jens Viggo empunharam seus violões para apresentar um repertório eclético e, quase todo, autoral. O percussionista Maximiliano Natale, que no sábado anterior já havia apresentado seu virtuosismo no pandeiro, voltou a dar sua canja, sempre oportuna. Abriram o show com três músicas de Jens Viggo: “Frevo da Aurora”, “São Cristóvão” e “Blues for Dali”, que refletiram a cumplicidade técnica entre os violonistas, o talento na condução dos solos, convenções e frases. A complexidade das obras de Viggo fez Rogério Souza falar ao microfone: “As músicas dele são trabalhosas! Várias páginas de partitura!”. O samba acelerado e corrido de “Chará”, de Baden Powell”, e o clássico “Manhã de carnaval”, de Luiz Bonfá, foram as únicas releituras de um repertório marcado especialmente pelas obras de Viggo, com algumas incursões nas composições de Rogério Souza, como foi o caso de “Saudade” e “Sexta-feira na Lapa”, ambas do violonista carioca. Jens Viggo apresentou ainda composições que não esconderam suas raízes flamencas, reservando parte do show para uma apresentação solo. No mais, os violonistas mostraram, com técnica e talento, os diálogos entre culturas diferentes, abrindo fronteiras artísticas e, claro, encantando o público.

Fernanda Canaud fez um recital com muita técnica, precisão e sensibilidade

Domingo foi a vez de Fernanda Canaud, que fez um delicioso passeio do clássico ao popular, enfeitiçando a todos com seu nível técnico e sensibilidade altíssimos. A pianista abriu o recital com uma peça de Cláudio Santoro (“Paulistana”) – a delicadeza de seus dedos e a suavidade nos movimentos davam a idéia do que havia por vir. Guerra-Peixe (“Prelúdio Tropical”), Edino Krieger (“Sonatina”) e Radamés Gnattali (“Prenda minha / Pretensiosa / Motto contínuo”) deram seqüência ao repertório, que transitou agradavelmente entre os diferentes estilos. Fernanda arriscou, ainda, uma peça de sua autoria, “Prelúdio”, a única de um leque de releituras. Revisitou composições de Almiro Zarur (“Valsa triste / Molequinho / Noite de Seresta”), cuja obra ganhou a interpretação de Canaud em recente disco. “Valsas”, de Aloísio de Alencar Pinto, anunciaria o fim do recital, que encerrou com Ernesto Nazareth (“Coração que sente / Odeon”) em alta performance da pianista, que, durante toda a apresentação, mostrou a sabedoria nas pausas, nos respiros, na maestria dos pequenos toques, com muito apuro e precisão, em tonalidades diferentes. Certamente, deu um pouco mais de brilho ao domingo chuvoso e cinzento.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O fim de semana agradável ao som de boa música

María Fernandez Cullen, no sábado, e Latin Jazz Ensemble, com a cantora Gabriela Bergallo, no domingo, deram tempero latino à música brasileira


A flautista argentina María Fernandez Cullen recebeu Rogério Souza e Matias Arriazu

Quem conferiu as apresentações deste último fim de semana na Arlequim não pôde hesitar em aplaudir as belíssimas apresentações da flautista argentina Maria Fernandez Cullen, no sábado, e o grupo Latin Jazz Ensemble, no domingo, com uma espetacular performance da cantora argentina Gabriela Bergallo, que fez delirar até os gostos mais exigentes.

A flautista argentina (no meio), ao lado de Matias Arriazu e família (esq.), Márcio Pinheiro (da Arlequim), Rogério Souza (camisa xadrez) e o percussionista Max Natale 


No sábado, a flautista integrante da Orquestra de Tango de Buenos Aires, acompanhada pelas harmoniosas execuções dos violonistas Rogério Souza e Matias Arriazu, e do percussionista Maximiliano Natale, iniciaram as atividades com obras de Waldir Azevedo: “Vê se gostas” já anunciava o choro que viria em seguida, “Pedacinhos do Céu”, melódico e com um doce andamento, que se concluiria com “Choro Novo em Dó”, clássicos de Waldir. Ainda na ceia do choro, não faltaram Pixinguinha (“Um a zero”) e Jacob do Bandolim (“Doce de coco”). A partir daí, em dueto, Maria Fernandez e Matias Arriazu fizeram um belo passeio pela cultura argentina, que, dentre outras canções folclóricas, destacaram-se “Milonga Gris” (Carlos Aguirre), “Danzarín” e “Nocturna”, ambas de Julián Plaza. Nas releituras argentinas, a sensibilidade das conversas entre as cordas e a flauta dava o tom da maestria dos músicos – conversações que, na verdade, se fizeram presente em todo o show. A formação inicial voltou para encerrar, com elegância, ao som dos clássicos nas rodas de choro: “Noites Cariocas”, de Jacob do Bandolim, e “Brasileirinho”, também de Waldir Azevedo.


A cantora Gabriella Bergallo deu um show de lirismo com o Latin Jazz Ensemble


No dia seguinte, foi a vez do Latin Jazz Ensemble receber a cantora argentina Gabriela Bergallo – diga-se, de passagem, fez a platéia delirar com a força, técnica e potência de sua voz. “El dia que me quieras”, de Carlos Gardel, ganhou tamanha corpulência, que arrancou elogios e aplausos mesmo durante sua performance. O grupo, formado pelos feras Tomás Improta (piano), Bruce Henri (contrabaixo), Roberto Rutigliano (bateria) e Fernando Trocado (sax), garantiram o vigor caliente que o estilo exigia. “Drume Negrita”, de Ernestro Grenet, “Años de Soledad” e “Yo soy Maria”, ambas de Piazolla, fecharam o primeiro set. E o show realmente ainda não havia terminado. O segundo set conseguiu manter o vigor e o tempero latino do primeiro, e, abrindo com “Besame Mucho”, um clássico do gênero, ganhou contornos líricos delicados, um verdadeiro alento. “Summertime” e “Caravan” deu o tom mais jazzístico ao repertório. “Quisaz” fechou a tarde com uma estonteante releitura do grupo, que souberam revisitar os clássicos sem cair em obviedades. Quem assistiu saiu da Arlequim com os ouvidos massageados, com certeza.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Rogério Souza e Fernanda Canaud encerram a programação de janeiro da ARLEQUIM, dias 28 e 29

No sábado, violonista recebe compositor dinamarquês e, no domingo, a pianista apresenta repertório que passeia pelo clássico e popular



No último fim de semana de janeiro, a Arlequim recebe dois convidados especiais para encerrar sua programação do mês. No sábado, dia 28, às 15h, o violonista do grupo Nó em Pingo D´Água, Rogério Souza, em apresentação solo, interpreta composições próprias, especialmente faixas de seu último CD “Retrato Brasileiro”, e recebe o violonista e compositor dinamarquês Jens Viggo, revisitando clássicos do choro e da MPB. Talento nos violões de 6 e 7 cordas, o compositor e arranjador Rogério Souza é um dos grandes representantes da linguagem carioca do violão brasileiro. Ao longo dos anos, apresentou-se com artistas de destaque da música popular brasileira, dentre eles Baden Powell, Paulinho da Viola, Sivuca, Ney Matogrosso, Altamiro Carrilho, João Bosco, Paulo Moura e Ivan Lins.


A pianista Fernanda Canaud faz, no domingo, dia 29, às 14h, uma apresentação que promete passear pela música popular e erudita, interpretando, além de composições próprias, obras de Guerra-Peixe (“Prelúdio Tropical n°3”), Villa-Lobos (“Valsa da dor”), Radamés Gnattali (“Prenda Minha”/ “Pretensiosa” / “Motto Contínuo”) e Ernesto Nazareth (“Odeon”), e também um “pout-pourri” com músicas de Almiro Zarur, compositor brasileiro natural de Niterói, cuja obra ganhou releitura pela pianista em CD lançado em 2011.

Com longa experiência em recitais e concertos no Brasil e no mundo, Fernanda já atuou, como solista de diversas orquestras brasileiras, com regentes do calibre de Leon Hallegua, Lidia Amadio, Julio Medalia, Marco Macceri, Armando Prazeres, Norton Morozowitz, Bernstein Seixas, Ernani Aguiar, Nilo Hack, entre outros. Dentre muitos de seus projetos, destacam-se as apresentações em música de Câmera com os clarinetistas Paulo Sergio Santos e Jose Botelho, os violoncelistas David Chew e Inna  Esther Jost, o oboísta Harold Emert e Luis Justi, o fagotista Noel Devos, os bandolinistas Marcos de Pinna e Joel Nascimento, o contrabaixista Bruce Henry, os saxofonistas  Paulo Moura e Carlos Malta, as flautistas Odete Ernest-Dias e Julie Koidn, entre outros.

SERVIÇO: Música na Arlequim - Sábados às 15h, Domingo às 14h
Endereço: Praça XV de Novembro, 48, Loja 1 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Telefone.: (21) 2220-8471 (reserva)
Ingressos: R$15,00 (couvert artístico)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

María Fernandez Cullen e Latin Jazz Ensemble se apresentam na ARLEQUIM dias 21 e 22 de janeiro

Flautista argentina recebe os violonistas Rogério Souza e Matias Arriazu. Latin Jazz Ensemble convida a cantora Gabriela Bergallo

O talento da flautista argentina
 María Fernandez Cullen

A flautista argentina María Fernandez Cullen se apresenta no próximo sábado, dia 21, às 15h, na Arlequim e recebe, como convidados, os violonistas Rogério Souza e Matias Arriazu, interpretando clássicos do choro e do tango, além de composições de Waldir Azevedo. Nascida na província de San Juan, onde apresentou concertos entre 1999 e 2005, Maria Fernandez Cullen é professora de flauta, formada pela Universidad Nacional de San Juan. Desde 2005 reside em Buenos Aires, integrando a Tango Orchestra de Buenos Aires.


A cantora argentina Gabriela Bergallo é a
convidada do Latin Jazz Ensemble 

No domingo, dia 22, às 14h, o grupo Latin Jazz Ensembel, formado por Tomás Improta (piano), Bruce Henri (contrabaixo), Roberto Rutigliano (bateria) e Fernando Trocado (sax), recebe a cantora argentina Gabriela Bergallo, reunindo no repertório standarts de Latin Jazz como “Caravan,” e “Nigth in Tunisia”, além de clássicos da música Argentina, como “Alfonsina y el Mar” e “El dia que me quieras”. A cantora, de Buenos Aires, vive na Europa, onde organiza anualmente, desde 2003, o Piccolo Musikfestival, e se apresenta regularmente em diversos festivais europeus, como “Máscara de Ouro” em Moscovo, “Festiwal SPOIWA Kultury” em Szczecin, “Noites Brancas” em São Petersburgo, “Sommerfestival der Kultur”, em Stuttgart.

 
SERVIÇO: Música na Arlequim - Sábados às 15h, Domingo às 14h

Endereço: Praça XV de Novembro, 48, Loja 1 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Telefone.: (21) 2220-8471 (reserva)
Ingressos: R$15,00 (couvert artístico)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Hélio Delmiro e Pascoal Meirelles abriram a série “Música na Arlequim” neste último fim de semana



Pode-se dizer que os amantes da boa música brasileira e do jazz que assistiram às apresentações de Hélio Delmiro, neste último sábado, e de Pascoal Meirelles, no domingo, se deliciaram com a maestria dos músicos, ao sabor também dos deliciosos pratos, quitutes e vinhos do refinado Café Arlequim.


No sábado, Hélio Delmiro mostrou por que é considerado um dos maiores violonistas brasileiros em atividade. Após uma minuciosa passagem de som, para atingir qualidade de áudio impecável, o músico empunhou seu violão elétrico e apresentou um repertório de fino gosto. Cumpriu o prometido e não esqueceu dos standarts, como “Night in Tunísia” e “My Foolish Heart”. Mas o ponto alto do show foi quando Hélio preparou-se para tocar o “Samba do Stent”, uma brincadeira do compositor com os problemas cardiovasculares que sofreu ano passado. Esbanjando simpatia com a platéia – na verdade, Hélio por diversas vezes estabeleceu um bate-papo com o público, envolvendo-o não apenas com acordes, mas com “causos” curiosos. “Emoções”, de Roberto Carlos, ganhou uma nova roupagem, mas delicada, com uma sonoridade diferente da canção consagrada na voz do Rei. Encerrando a apresentação, a pedido de uma platéia ávida por “Samambaia” – clássico do violonista com César Camargo Mariano - presenteou o público com trechos da obra.







O baterista Pascoal Meirelles, no dia seguinte, levou seus tambores, pratos, tamborins e outros elementos de percussão para a Arlequim e, acompanhado por Alex Carvalho (guitarra) e Sérgio Barroso (contra-baixo), demonstrou seu total domínio do instrumento, trabalhando com a linguagem jazzística com primor. Para abrir o show, dividido em dois sets de 40 minutos, “Chovendo na Roseira” foi o indício de que uma verdadeira aula de improvisação e destreza instrumental viria em seguida. E foi o que aconteceu, com o trio interpretando “Maracatudo”, de autoria do próprio, e recebendo, logo depois, o saxofonista Mike Tucker, que soube acrescentar com raro talento o instrumento ao grupo de Pascoal. O primeiro set terminou com “Pro Moura”, de autoria do próprio baterista, dedicada ao saudoso Paulo Moura – uma gafieira eletrizante que deu o tom do que viria no set seguinte. Os últimos 40 minutos confirmaram a exímia técnica dos músicos, que fizeram de “Tom” e “Ponteio” os carros chefes para desfilar um repertório que soube animar, com estilo, a tarde do Paço Imperial.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Hélio Delmiro e Pascoal Meirelles tocam no "Música na Arlequim", dias 14 e 15 de janeiro



Autor do consagrado disco “Samambaia”, junto com César Camargo Mariano, e músico altamente prestigiado no meio jazzístisco e da música brasileira, Hélio Delmiro sobe ao palco da Arlequim neste sábado, dia 14, às 15h, em uma apresentação solo, desfilando um repertório que inclui composições autorais e clássicos do jazz, como releituras de “Night in Tunísia” e “My Foolish Heart”, registrada na voz de grandes intérpretes da música mundial. Há algum tempo sem se apresentar na cidade, o violonista volta aos palcos cariocas, inaugurando a programação musical de janeiro da Arlequim.





No Domingo, dia 15, às 14h, o baterista Pascoal Meirelles reforça o gênero jazzístico recebendo o saxofonista americano Mike Tucker num seleto repertório de standarts e clássicos da música brasileira, como “Ponteio”(Edu Lobo), “Chovendo na roseira” e “Só danço o samba” (Tom Jobim). O grupo de Pascoal é formado por Sérgio Barrozo (baixo), Alexandre Carvalho (guitarra) e Daniel Garcia (sax). O baterista, um dos fundadores, junto com Mauro Senise, do grupo Cama de Gato - aclamado pela crítica como o mais bem sucedido grupo instrumental brasileiro dos anos 80 -, já tocou ao lado de Gonzaguinha, Hélio Delmiro, Maysa, Wagner Tiso, Chico Buarque, Edu Lobo, Luís Bonfá, Elis Regina e Tom Jobim, entre muitos outros.

As atrações fazem parte do projeto “Música na Arlequim”, que em 2011 dedicou os finais de semana ao tango, à musica brasileira e ao jazz, além de outros eventos de requinte, como as homenagens ao mestre Candeia e a Miles Davis.

Ainda no mês de janeiro, se apresentam a flautista argentina María Fernandez Cullen (21/01), o grupo Latin Jazz Ensembel (22/01), o violonista Rogério Souza (28/01) e a pianista Fernanda Canaud encerrando a programação do mês no dia 29. As apresentações acontecem às 15h, nos sábados, e às 14h, aos domingos. Couvert artístico R$15,00. Reservas no telefone 2220-8471.


14/01 - Hélio Delmiro – sábado, 15h

15/01 - Pascoal Meirelles – domingo, 14h