Por Ronald Iskin
Na Nova York dos anos vinte e trinta, muitos negros americanos se notabilizavam como expoentes de um novo gênero musical que conhecia ali uma notoriedade de que jamais desfrutaria depois, especialmente após a entrada em cena do rock n’roll nos anos cinqüenta. Viver e trabalhar nos arredores da Rua 52 oferecia a estas jovens estrelas do jazz emergente um nível de reconhecimento social, que, embora de espectro limitado, seria dificilmente desfrutado pelos negros em outras partes dos Estados Unidos nas primeiras décadas do século passado. Nada seria mais coerente, portanto, de que fosse de um destes poucos beneficiados por uma imagem pública a criação de pungente libelo musical denunciando a barbárie de que eram vítimas seus irmãos sulistas.
Billie Holiday já era uma destas estrelas da cena jazística efervescente dos anos trinta. Seus primeiros sucessos para a Columbia, entretanto, em pouco antecipavam as páginas de antologia que se seguiriam com "Good Morning Heartache", "Lover Man" ou "Don’t Explain", mais afeitos que estavam à leveza da swing music, o gênero dançante que abria as portas do jazz num maior número de frentes.
"Strange Fruit" representou uma ruptura de tal ordem neste repertório inicial, que a Columbia, titular de todos seus lançamentos até então, não se interessou em lançá-la, cabendo a um selo de pouca expressão, e mais tarde absorvido pela Decca, a pequena Commodore, a responsabilidade pelo feito histórico. A gravação de Strange Fruit se tornou de tal maneira uma marca pessoal de Billie que a maior parte dos fãs da canção atribuem sua autoria à cantora.
O mais interessante, porém, é que mais do que ninguém a própria Eleanor Fagan se acreditava autora dos versos e da melodia que descreviam corpos negros sumariamente executados tais como “frutos amargos pendurados nos galhos dos álamos”. Mas não era. Abel Meeropol, um judeu caucasiano a cujo pseudônimo, Lewis Allan, também está creditado o hino patriótico "The House I Live In", uma das peças de resistência de Frank Sinatra, é na verdade o dono do crédito.
É isto que nos revela David Margolick em "Strange Fruit- Billie Holiday e a biografia de uma canção" (Cosacnaify). Através da janela aberta por esta curiosa história de autoria controversa ele nos oferece ângulos menos utilizados quando se busca retratar uma das mais marcantes vozes da música popular do século 20, além de resgatar o nome de Meeropol de uma quase total obscuridade, aproveitando para enriquecer nosso conhecimento das coisas do jazz.
A gravação seminal está felizmente acessível em duas edições do disco original da Commodore (uma delas oferece também takes alternativos e interessará mais de perto aos completistas), cuja intensa qualidade musical, aliás, está longe de se esgotar na famosa canção. Para comprová-lo basta ouvir a devastadora versão de "Yesterdays", o clássico de alcance quase operístico de Jerome Kern, cuja longa, e, em princípio, característica frase ascendente inicial Billie simplesmente ignora em favor de um quase recitativo monocórdio, o que nos deixa sem entender como a simplificação dos meios expressivos pode, muitas vezes, causar um efeito mais contundente do que o obtido pela forma estruturalmente mais complexa. Estes sulcos da Commodor e estão, sem chance a dúvidas, entre os mais importantes da carreira de Lady Day.
Margolick aproveita para também nos oferecer um panorama de outras gravações existentes da canção, com destaque para Abbey Lincoln, reconhecido epígono de Holiday, num emocionante álbum duplo ao vivo totalmente dedicado ao repertório da cantora. Aparecem também Dee Dee Bridgewater, que intitula um de seus discos a partir do nome de batismo de Holiday, além de registros de Carmen Mcrae, Nina Simone e mesmo de um talvez improvável Lou Lawls. Baseada na pesquisa de David Margolick, a Arlequim ativou seus distribuidores americanos a fim de recriar este panorama de "Strange Fruit" e de assim iluminar um pouco da história da canção americana.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Abbey Road: 43 Anos Atravessando a Rua
Por Luiz Fernando Silveira
Hoje, 26 de setembro de 2012, faz 43 anos do lançamento comercial do LP com a caminhada na faixa de pedestres mais famosa da história do Rock.
Abbey Road é, na verdade, o último trabalho dos Beatles. Por ter sido gravado entre março e julho de 1969 e lançado em setembro do mesmo ano, muita gente pensa que este seja de fato seu penúltimo trabalho ("Let It Be" foi gravado em janeiro de 1969 e lançado em maio de 1970, daí a pequena confusão). Depois das sessões de "Let It Be", a banda já estava desfeita e sem nenhuma perspectiva de voltar a se reunir; houve porém um consenso de que o público merecia um trabalho final mais forte do que o anterior, e em um último suspiro, os Beatles gravam um álbum que para muitos é o melhor de todos.
"Come Together", uma faixa com poderoso elemento funk, abre o disco, seguida por aquela que muitos consideram a música mais bonita dos Beatles, a faixa de George Harrison chamada "Something", que Frank Sinatra citava equivocadamente como sendo de autoria de Lennon & McCartney. Paul está mais romântico do que nunca em "Oh! Darling" e John, ácido e possessivo em "I Want You". George assina ainda outra belíssima faixa, "Here Comes The Sun", mostrando que nessa época estava compondo música de qualidade maravilhosa, o que se pode confirmar no álbum All Things Must Pass, trabalho solo incrível da mesma época. O lindo disco continua com "Because", uma obra vocal sensacional, e a partir daí começa uma seqüência de tirar o fôlego que vai de "You Never Give Me Your Money" - uma crítica ao empresário Allen Klein, que andava subtraindo as finanças da banda - até o final do disco na apropriada "The End".
Este maravilhoso trabalho com sua famosa capa encerra de maneira gloriosa a carreira da maior banda de todos os tempos, e os anos 70 chegariam com a carreira solo comercial de seus integrantes já em plena atividade (antes, com a banda na ativa, John já havia gravado álbuns experimentais, assim como George, e Paul tinha feito a trilha sonora do filme "The Family Way"), para a delicia da enorme e já saudosa legião de ouvintes e de toda uma nova geração que até os dias atuais recorre, no formato cd, aos trabalhos dessas quatro personalidades talentosas e inesquecíveis do Pop/Rock.
Luiz Fernando Silveira é beatlemaníaco de carteirinha e trabalha na Arlequim
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Música na Arlequim: de 07 a 14 de julho
Música para Manoel - Poesia, Música e Dança
Homenagem a Monoel de Barros
“Música para Manoel” é um espetáculo que une três artes – poesia, música e dança – e uma só linguagem: o manoelês. Serão apresentados poemas da obra de Manoel de Barros, intercalados por composições musicais e movimentos de dança. Esta experiência poética é promovida pela dizedora de poesia Carla Vergara, a cantora Gabi Buarque, o violonista Lula Washington, a bailarina Laura Jamelli, com a direção de Cadu Cinelli.
Manoel de Barros nasceu em Cuiabá. Seu primeiro livro foi publicado no Rio de Janeiro, há mais de sessenta anos, e se chamou “Poemas Concebidos sem Pecado”. Hoje o poeta é reconhecido nacional e internacionalmente como um dos mais originais do século e mais importantes do Brasil.
Sábado, 07/07, às 15hs | Couvert: R$15,00 por pessoa | Reservas: 2220-8471
Bossanovíssima!
Segunda, 09/07, às 18hs | Couvert: R$15,00 por pessoa | Reservas: 2220-8471
Jazz: Tributo a Bill Evans com Jeff Gardner Trio
O pianista norte-americano Jeff Gardner apresentará, ao lado de Jefferson Lescowich (baixo) e Renato "Massa" Calmon (bateria), obras do lendário pianista do jazz Bill Evans. Temas como "Blue in Green", "Very Early" e "Waltz for Debby" estarão presentes no tributo.Com 17 CDs gravados, Jeff Gardner já tocou com grandes nomes do jazz, como Freddie Hubbard, Eddie Harris, Steve Lacy, Gary Peacock, Billy Hart, Kenny Wheeler e Eddie Gomez (baixista do Evans), além de ter gravado e se apresentado com artistas do porte de Victor Assis Brasil, Dori Caymmi, Gilberto Gil, Mauricio Einhorn, Carlos Malta, entre outros.
Sábado, 14/07, às 15hs | Couvert: R$15,00 | Reservas: 2220-8471
Próximas apresentações:
16/07, segunda, às 18hs: Segunda de Choro: Ronaldo do Bandolim e Rogério Souza convidam a flautista Julie Koidin | Couvert: R$15,00
21/07, sábado, às 15hs: Jazz: Tributo a John Coltrane - "Ballads". Com Tomás Improra (piano), Roberto Rutigliano (bateria), Fernando Trocado (sax), José Arimatéia (trompete) e Paulo Russo (baixo)
Couvert: R$15,00
quarta-feira, 30 de maio de 2012
O encontro da voz de Graziella Wirtti e o violão argentino de Matias Arriazu, no sábado, dia 02, na Arlequim
Músicos apresentam repertório autoral,
passeando por gêneros e compositores latino-americanos e pela música
contemporânea do século XX
No próximo
sábado, dia 02 de junho, às 15h, o encontro entre duas “veredas” culturais
(Brasil e Argentina), vai tomar o palco da Arlequim, com a apresentação da
cantora Graziella Wirtti e do violonista Matias Arriazu. A brasileira Graziella
Wirtti (natural de Santa Maria-RS) e o violonista, compositor e arranjador
argentino Matias Arriazu possuem uma forma peculiar de interpretar e produzir
música brasileira na atualidade. O show explora as diversas possibilidades da
música contemporânea e a união de voz e violão de maneira peculiar e profunda.
O timbre e a interpretação arrebatadora de Graziela se completam com a
sonoridade quase pianística do violão de Arriazu. A escolha do repertório
aponta a busca pelo trabalho diferenciado, com músicas autorais, dos folclores brasileiro
e latino americano e também de artistas renomados como Guinga, Paulo César
Pinheiro, Milton Nascimento, Chico Buarque, entre outros.
Graziela
Wirtti é de tradicional família de músicos. Irmã do baixista Guto Wirtti e da
cantora Nina Wirtti, a gaúcha de Santa Maria já se apresentou em longa
temporada na Comuna do Semente, na Lapa, e também no Teatro Ateneu, em Buenos
Aires. Dividiu o palco com Itiberê Zwarg, Yamandú Costa, Liliana Herrero entre
outros.
Matias Arriazu
é compositor e violonista de 6, 7 e 8 cordas. Nascido em Formosa, na Argentina,
toca profissionalmente desde os 15 anos. Tocou ao lado de Liliana Herrero e
Mercedes Sosa. De família de músicos, seu contato com a música brasileira vem
desde a infância, aprimorado por sua mudança para o Rio de Janeiro em 2010.
02/06 – (SÁBADO) às 15h - Graziella Wirtti (voz) e Matias Arriazu
(violão) –
Endereço: Praça
XV de Novembro, 48, Loja 1 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Telefone.: (21) 2220-8471 (reserva)
Telefone.: (21) 2220-8471 (reserva)
Ingressos: R$15,00
(couvert artístico)
Classificação:
Livre
Cezanne Assessoria
Assessoria de Imprensa
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Rogério Souza e Daniela Spielmann fazem uma tarde de choro neste sábado, 19, na Arlequim
Violonista e saxofonista vão apresentar clássicos do
choro, passeando por Pixinguinha,
Severino Araújo e Kximbinho, dentre outros
Fábio Cezanne
Cezanne Assessoria
No próximo sábado, dia 19, às
15h, o violonista Rogério Souza e a saxofonista Daniela Spielmann prometem uma
tarde ao sabor do melhor do choro, resgatando obras de Pixinguinha, Jacob, Severino Araújo, Kximbinho, Nelson Cavaquinho, dentre
outros. Os músicos têm autoridade no assunto, vide suas carreiras dedicadas
também ao estilo chorão. Talento nos violões de 6 e 7 cordas, o
compositor e arranjador Rogério Souza, é um dos grandes representantes da
linguagem carioca do violão brasileiro. Ao longo dos anos, apresentou-se com
artistas de destaque da música popular brasileira, dentre eles Baden Powell,
Paulinho da Viola, Sivuca, Ney Matogrosso, Altamiro Carrilho, João Bosco, Paulo
Moura e Ivan Lins.
Já Daniela Spielmann, que
participou dos grupos Rabo de Lagartixa e Mulheres em Pixinguinha, apresentou-se
com grandes artistas da MPB, como Moreira da Silva, Carmen Costa, Mauro Diniz,
Zé Kéti e Nelson Sargento. Também fez parte da Rio Jazz Orchestra, das
orquestras do maestro Cipó, de Juarez Araújo, de Cláudio Daulsberg, da Grande
Banda Carioca e d"O Galo da Madrugada", de Recife. Em 2001,
participou do espetáculo "Cantores do chuveiro - 100 Anos de MPB",
considerado o maior sucesso da temporada (Teatro de Arena - Copacabana) no 2º
semestre daquele ano, com apresentação de Ricardo Cravo Albin. No ano passado,
se apresentou no primeiro “Festival de Choro e Samba de Paraty”, ao lado de
artistas como Paulinho da Viola, Luiz Melodia, Áurea Martins, Henrique Cazes,
Joel do Nascimento e Zé da Velha e Silvério Pontes. O homenageado dessa
primeira edição do festival foi o músico, compositor e arranjador Paulo Moura.
19/05 – (SÁBADO), às
15h – Rogério Souza e Daniela Spielmann
Endereço: Praça
XV de Novembro, 48, Loja 1 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Telefone.: (21) 2220-8471 (reserva)
Entrada: R$15,00
(couvert artístico)
Classificação: Livre
Fábio Cezanne
Cezanne Assessoria
terça-feira, 15 de maio de 2012
Afonso Machado e Clarisse Grova lançam “Que tal?” nesta quarta, 16, na Arlequim
No repertório, composições do
bandolinista e parcerias com Elton Medeiros e Paulo César Pinheiro, dentre
outros
O bandolinista
Afonso Machado se junta à voz e interpretação de Clarisse Grova nesta
quarta-feira, 16, às 18h, na Arlequim, em evento gratuito. Os dois vão lançar o
CD “Que Tal?”, com músicas autorais do
bandolinista e outras em parcerias com Elton Medeiros, Paulo Cesar Pinheiro,
Carlinhos e Dora Vergueiro, Roberto Pinto e Luiz Moura. As composições,
de searas diferentes, vão do samba ao choro, passando por modinha, choro-canção
e samba-canção, e têm como principal elemento harmonizador a belíssima
interpretação da cantora Clarisse Grova. No repertório, destaques para a
faixa-título “Que tal”, “Boêmio”, “Na cara do gol” e “Choraste?”.
Afonso Machado,
também arranjador e produtor, dedicou a maior parte de sua carreira a
interpretações e arranjos de grandes compositores da música brasileira. No
palco, atuou com Cartola, Elton
Medeiros, Raphael Rabello, Paulinho da Viola, Elza Soares, Miúcha, Nelson
Cavaquinho, Wagner Tiso, Paulo Moura, Radamés Gnattali e Chiquinho do Acordeon.
Gravou diversos discos, alguns dos quais produziu, de figuras como Nelson
Sargento, Elton Medeiros, Delcio Carvalho, e do grupo Galo Preto, que lidera há
muitos anos.
Clarisse
Grova, intérprete de longa trajetória nas noites cariocas, acompanhada e
admirada por músicos do calibre de Luiz Eça, já participou de inúmeras
parcerias e produções ao lado de nomes como o grupo Cama de Gato, Roberto
Menescal e Paulo César Feital.
16/05 – (QUARTA), às
18h – Afonso Machado e Clarisse Grova lançam CD “Que tal?”
Endereço: Praça
XV de Novembro, 48, Loja 1 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Telefone.: (21) 2220-8471 (reserva)
Entrada gratuita
Classificação: Livre
Fábio Cezanne
Cezanne Assessoria
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Tributo a Coltrane celebra o jazz no sábado, dia 12, na Arlequim
Quinteto formado por Tomás Improta tocará músicas do
clássico disco “Ballads”
Fábio Cezanne
Cezanne Assessoria
No próximo
sábado, dia 12, às 15h, a Arlequim vai promover um tributo ao grande jazzman
John Coltrane, com a apresentação de um quinteto formado por Roberto Rutigliano
(bateria), Tomás Improta (piano), Paulo Russo (baixo), Fernando Trocado e
Marcelo Martins (sax). No repertório, o quinteto irá resgatar obras-primas de
Coltrane, especialmente músicas do cultuado “Ballads”. O disco foi gravado em
dezembro de 1961 e 1962 e gravado em um só take, com exceção de "All or
Nothing at All". Farão
parte ainda do repertório "Say It (Over and Over Again)", "Too
Young to Go Steady" e "I Wish I Knew", dentre outras. O
álbum Ballads é emblemático pela versatilidade de Coltrane, por como o quarteto
despejou uma nova luz sobre standards antigos como "It's Easy to
Remember."
O americano
John William Coltrane, que nasceu em 1926 na Carolina do Norte, é considerado
pela crítica especializada como o maior sax tenor do jazz e um dos maiores
jazzistas e compositores deste gênero de todos os tempos. Sua influência no
mundo da música ultrapassa os limites do jazz, indo desde o rock até a música
erudita. Atuou principalmente durante as décadas de 1950 e 1960. Embora tocasse
antes de 1955, seus principais anos foram entre 1955 e 1967, durante os quais
reformulou o jazz e influenciou gerações de outros músicos. As gravações de
Coltrane foram diversas: ele lançou cerca de 50 gravações como líder nestes
doze anos, e apareceu em outras tantas lideradas por outro músicos. Através de
sua carreira, a música de Coltrane foi tomando progressivamente uma dimensão
espiritual que iria consagrar seu legado musical.
12/05 (SÁBADO), às 15h - Tributo a John Coltrane na
Arlequim:
Endereço: Praça
XV de Novembro, 48, Loja 1 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Telefone.: (21) 2220-8471 (reserva)
Ingressos:
R$15,00 (couvert artístico)
Fábio Cezanne
Cezanne Assessoria
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